Uma chama que contagia esperança
O Espírito Santo desce sobre Nossa Senhora e os Apóstolos!
Reunidos os Apóstolos e a Santíssima Virgem no Cenáculo, de repente,… línguas de fogo se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo (At 2, 2-4).
A importância dessa Festa, própria aos nossos pedidos de renovação espiritual e santidade, imbuídos de inteira confiança na infinita misericórdia do Paráclito, era assim comentada por Dr. Plínio:
Depois de sua dolorosa Paixão e Morte, Nosso Senhor ressuscitou e subiu aos Céus.
Embora os Apóstolos tenham acompanhado de perto esses acontecimentos, sua fidelidade ainda precária não significava uma regeneração.
Houve, da parte deles, atos de Fé bem expressos, reconhecendo e dando testemunho da ressurreição de Jesus, mas não se tem a impressão de que tenham mudado substancialmente.
Após a Ascensão, eles se reúnem com Nossa Senhora no Cenáculo e passam os dias em oração.
Em determinado momento, desce sobre eles o Espírito Santo, em forma de línguas de fogo, e dá-se então a mudança completa:
os discípulos se transformam em luzeiros de ouro.
Cada um deles, por assim dizer dotado de nova alma, feita de fervor, de vontade de realização, de sacrifício e de carismas extraordinários, converte-se em coluna viva da Igreja de Deus.
No passo seguinte, eles se disseminam pela terra e levam, às mais diversas regiões do mundo, a glória e o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Para nós, o que isto quer dizer?
Significa que devemos sempre contar com graças muito especiais do Espírito Santo,
sobretudo quando estivermos entravados, estagnados e descontentes na vida espiritual.
Peçamos a Ele, a rogos de Nossa Senhora, constantemente, que desça sobre nós com uma abundância de dons,
de maneira tal que nos transforme por completo.
Dessa necessidade vem a linda prece a Ele dirigida:
‘Emitte Spiritum tuum, et creabuntur, et renovabis faciem terrae
Mandai, ó Senhor, vosso Espírito, e todas as coisas serão criadas, e renovareis a face da Terra’.
Ou seja, antes de tudo, a face dessa nossa “terra” interior, da nossa própria alma, pode ser renovada de um instante para outro, por uma graça do Espírito Santo.
Igualmente por uma particular intervenção d’Ele, há de ser regenerada a face do mundo, através do apostolado de autênticos católicos, inspirados pela Sabedoria divina, cheios de força e valor para enfrentar os inimigos da fé, assim como para atrair e fazer o bem a todos que devam pertencer à Santa Igreja.
Compreende-se que tais graças nos sejam concedidas com maior abundância por ocasião da Festa de Pentecostes e que, portanto, importa-nos rogá-las e esperar que as recebamos nessa data.
Vem Espírito Criador!
Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai
e enchei os corações com vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o Intercessor de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.
Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.
A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli, e concedei-nos a vossa paz,
se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.
Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer. Amém!
Nossa Senhora do Divino Amor
Sem nos esquecermos de fazê-lo por intermédio de Nossa Senhora, Esposa do Divino Espírito Santo e medianeira onipotente junto a Ele.
Que o Espírito Paráclito desça e paire sobre nós, cumulando-nos dos dons celestiais que tanto desejamos.
Onde o Divino Espírito Santo se faz presente, Ele vence, assim como venceu no dia de Pentecostes, depois de descer sobre os doze Apóstolos reunidos no Cenáculo.
Transformados, estes passam a pregar aos habitantes de Jerusalém.
As conversões se tornam torrenciais.
O inesperado se realiza.
Homens de todas as partes do mundo se deixam tocar e mudam completamente, como outros tantos pregoeiros da grande nova:
“Um Deus nasceu, um Deus se encarnou numa Virgem; morreu por nós e nos resgatou. As portas da salvação se abriram para nós!”
Tinha início a aurora da Santa Igreja Católica. Apostólica, Romana, nimbada de glória a partir de Pentecostes.
Plinio Corrêa de Oliveira
(Extraído de conferência em 2/6/1965)