Um Grande Remédio
Pensar na grandeza que nos espera depois da morte
O dia de Finados representa muitíssimo para nós. Antes de tudo, por ser a ocasião em que rezamos pelas almas de todos os fiéis falecidos e que, porventura, estejam no Purgatório.
Mas é também o dia em que a Igreja, com aquele tato que lhe é próprio e absolutamente inconfundível, torna presente para nós a realidade da morte.
A Igreja como que abre um precipício debaixo de nossos pés e nos faz ver uma multidão de almas em estado de pena, de sofrimento, ou seja, o infortúnio daqueles que, ao morrerem, não foram diretamente para o Céu. Tudo isso se torna presente diante de nós.
De quando em quando devemos meditar sobre a morte, para compreendermos o que há de profundamente real naquelas palavras da Liturgia: “Lembra-te, homem, de que és pó e que voltarás a ser pó”.
E isso nos faz dar uma dimensão exata a todas as coisas desta vida.
O papel do sofrimento na vida do homem
Nós devemos ver a morte com serenidade e com grandeza, inclusive no que ela tem de aflitivo e de tremendo.
Há uma miséria grandiosa na morte, que nos leva a dizer:
O ser inteligente, capaz de morrer e de passar por catástrofe tão enorme, tem uma tal capacidade de grandeza que, certamente, uma outra vida e um outro destino o aguarda. E nisso compreendemos, então, toda a nossa grandeza.
Digo mais: não é só a consideração da morte que faz bem, mas inclusive a visão da dor.
Gostaria de fazer, algum dia, comentários de alguns trechos do Livro de Jó, que tem algumas descrições, as mais faustosas, da dor. Nunca vi tanta majestade na dor e fora da dor, como no Livro de Jó.
Compreendemos a majestade da tragédia que chega aos últimos limites, a grandeza que o homem tem conservando-se sapiencialmente sereno diante dessa tragédia.
A propósito do dia dos fiéis defuntos, essa é a lição que a morte e os mortos nos dão. É uma lição incomparável de profundidade, de força de alma, de coragem, de grandeza.
Reflexo da majestade de Deus
Todos esses pensamentos são úteis para se ter a respeito do dia de Finados.
Proponho rezarmos pelos fiéis defuntos. De modo especial pelas almas do Purgatório mais abandonadas, e para as quais ninguém reza; almas que talvez tenham ainda mil anos de penas para cumprir, e não há quem peça por elas.
E pedir que elas nos obtenham a compreensão, o amor e o entusiasmo por todas as sombras com que a morte enriquece a estética do universo e os panoramas verdadeiros da vida humana.