Rezemos pelas almas do Purgatório
Desde os primeiros tempos, a Santa Igreja sempre ofereceu pelas almas que estão no Purgatório sufrágios e orações para que elas possam, uma vez purificadas, alcançar as alegrias sem fim da eterna bem-aventurança.
Acima de tudo a Igreja oferece por elas a Santa Missa. Mas recomenda que apresentemos também a Deus, em sufrágio delas, orações e penitências, indulgências e outras obras de misericórdia.
Nossas orações poderão não só ajudá-las, mas também tornar mais eficaz a intercessão dessas almas em nosso favor. 1
A grande Santa Teresa de Jesus, no livro sobre sua vida, diz que “as graças que o Senhor me concedeu por libertar almas do Purgatório foram tantas, que me cansaria e a quem me lesse, se as fosse contar.” 2
Assim, ao procurarmos confortar e libertar as benditas almas do Purgatório, estaremos também dispondo a misericórdia de Deus em nosso favor.
Exercício de Piedade pelas Almas do Purgatório
A devoção pelas almas do Purgatório – que consiste em pedir a Deus por elas a fim de que Ele as conforte nos grandes sofrimentos que padecem e as chame o quanto antes à Sua glória – nos é muito proveitosa, porque essas almas benditas são suas esposas eternas. Por outro lado, elas se tornam muito gratas em relação àqueles que lhes obtêm a libertação do Purgatório ou, pelo menos, lhes alcançam algum alívio em meio a seus tormentos.
Esta é a razão pela qual, chegando ao Céu, certissimamente não se esquecerão daqueles que tiverem rezado por elas. Acredita-se piedosamente que Deus lhes faz conhecer nossas orações, a fim de que elas também rezem por nós.
É verdade que essas almas não estão em condição de rezar por si mesmas, porque estão nesse lugar como réus que expiam suas culpas. Entretanto, como elas são bem-amadas de Deus, podem interceder por nós e obter-nos graças.
Santa Catarina de Bolonha recorria às almas do Purgatório quando desejava alguma graça, e era logo atendida. Ela dizia também que muitas graças, que não tinha conseguido obter recorrendo às orações dos santos, as tinha alcançado pedindo a intercessão das almas do Purgatório.
Aliás, inúmeras são as graças que as pessoas devotas testemunham ter obtido por intermédio dessas santas almas.
Mas, se desejamos o auxílio de suas orações, é justo, e mesmo um dever, socorrê-las com as nossas. Eu afirmo que é realmente um dever, porque a caridade cristã exige que nos lembremos de nosso próximo quando suas necessidades reclamam nossa ajuda.
Mas, quem são esses nossos irmãos necessitados de socorro tão premente, senão essas santas almas prisioneiras?
Estão elas continuamente mergulhadas nesse fogo que atormenta bem mais que o fogo da terra. Estão privadas da vista de Deus, pena essa que as faz sofrer mais do que todas as outras.
Pensemos que é possível que se encontrem nesse lugar as almas de nossos pais, irmãos, parentes e amigos que esperam nosso auxílio.
Consideremos ainda como já foi dito que essas almas eleitas porque já estão salvas não podem socorrer a si mesmas, porque estão no estado de devedoras em razão de seus pecados. Esta reflexão, sobretudo, nos deve animar a socorrê-las, tanto quanto pudermos.
E nisso seremos não somente agradáveis a Deus, mas adquiriremos grandes merecimentos. E essas almas benditas não cessarão de nos obter grandes graças de Deus, principalmente a salvação eterna.
Tenho como certo que uma alma, que tenha sido libertada do Purgatório pelos sufrágios de alguma pessoa devota, quando estiver no paraíso, continuamente dirá a Deus: “Senhor, não permitais que se perca aquele que me libertou da prisão do Purgatório e me ajudou a vir gozar de vossa presença.”
Redigindo estas palavras, minha intenção é de que todos os fiéis se esforçem em aliviar e libertar as almas benditas do Purgatório, através de Missas, esmolas ou ao menos por suas orações.
João Sérgio Guimarães