
Maria Santíssima vai ao encontro de Jesus
V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa Cruz, remistes o mundo.
Carregar a cruz significa, muitas e muitas vezes, renunciar.
Renunciar antes de tudo ao ilícito, ao pecaminoso.
Mas renunciar também, e muitas vezes, ao que,
sendo lícito e até admirável em si, torna-se mau ou menos perfeito
em consequência de determinadas circunstâncias.

No caminho de vossa Paixão, Senhor, destes um terrível exemplo, um luminoso e admirável exemplo de renúncia ao que é lícito.
O que há de mais lícito, Senhor, do que as carícias, do que o desvelo de vossa Mãe Santíssima?
Tudo quanto dEla sabemos é que, por mais que dEla saibamos algo, dEla jamais saberemos tudo, tal é o oceano incomensurável de perfeições e de graças que Ela contém.
Vossa Mãe, Senhor, está em vosso caminho. Ela quer consolar-Vos. Ela quer consolar-Se conVosco. Vede-A.
Como é legítimo que Vos detenhais ao longo da via dolorosa, consolando-Vos e consolando-A.
Entretanto, o momento da separação depois deste rápido colóquio chegou. Oh, dilaceração!, é preciso que Vos separeis um do outro.
Nem Ela nem Vós, Senhor, contemporizais. O sacrifício segue seu curso.
E Ela fica à beira do caminho… É melhor nem dizer como, vendo-Vos, que Vos distanciais aos poucos vertendo sangue, com passo incerto e vacilante, em demanda do último e supremo sacrifício.
Maria tem pena de Vós. Ela Vos segue com o olhar, vendo-Vos só, em mãos de verdugos e de inimigos.

Olhai para a Mãe das Dores!
Quem há de Vos consolar?
Oh!, vontade irresistível, arrebatadora, imensa, de seguir vossos passos, de Vos dizer palavras de meiguice que só Ela sabe dizer-Vos,
de amparar vosso Corpo divino, de Se interpor entre os carrascos e Vós,
e, prostrada como quem implora uma esmola inestimável, suplicar para Si um pouco dos golpes que Vos dão, contanto que com isto Vos firam um pouco menos, não Vos magoem tanto a carne inocente.
Oh, Coração de Mãe, o que sofrestes neste lance!

Mães de Padres, mães de Missionários, mães de Religiosas, quando sentirdes o pesar de tanta separação cruel, pensai em Maria Santíssima, que deixou seu Divino Filho seguir só, o caminho que Lhe traçara a vontade de Deus.
E pedi que Ela console vossa ditosa dor.
Mas há, mil e mil vezes infelizes, outras mães abandonadas.
Mães de ímpios, mães de libertinos, mães de pecadores, também vós ficais a sós, por vezes, no caminho da dor, enquanto vossos filhos correm pelas vias da perdição.
Pedi a Nossa Senhora que vos console, que vos dê alento e perseverança, e que ofereça parte da dor que neste passo sofreu, para que vossos filhos possam algum dia voltar a vós.
Pensai em Santa Maria, e jamais desespereis.
Para os vossos filhos transviados, Nossa Senhora será a Stella Maris, que cedo ou tarde os reconduzirá ao porto.
Quarta Estação da Via Sacra,
Plinio Corrêa de Oliveira, 1943
