Neto de rei e de santa
Filho de Clotário I, rei de França e neto de Clóvis I e de Santa Clotilde, Clotário era senhor de França e de uma parte da Alemanha, quando a doença o prostrou, e ele se viu obrigado a tudo deixar. “Que pensais, dizia aos cortesãos, quem é esse rei celeste que faz morrer assim tão grandes reis?” Morreu, dessa forma, em Compiegne, no ano de 561, após ter reinado cinqüenta anos.
O traço dominante de seu caráter era a bondade e a piedade
Seus quatro filhos lançaram a sorte sobre o reino. Cariberto teve Paris e a Aquitânia. Gontrão recebeu Orleans, a Borgonha e estabeleceu a capital em Châlon-sobre-o-Saône. A Sigeberto, o mais jovem, coube a Austrásia, e em Metz estabeleceu a capital.
Gontrão serviu de pai aos dois sobrinhos. No começo de seu reinado, cometeu mais de uma falta por fraqueza e induzimento. Mas expirou-as pela penitência. O traço dominante de seu caráter era a bondade e a piedade.
Morrendo Chilperico, foi a Paris e dedicou-se à reparação das injustiças que seu irmão cometera.
Um domingo em que assistia à missa, o diácono fez com que o povo mantivesse silêncio para começar o sacrifício. Gontrão voltou-se para o povo e disse:
“Eu vos conjuro, homens e mulheres que aqui estais, a guardar-me fidelidade inviolável e não me matar, como fizestes recentemente a meus irmãos. Que me seja permitido, ao menos durante três anos, educar meus sobrinhos que são meus filhos adotivos. Tenho receio – o que Deus queira evitar – de que se eu morrer, venhais a perecer com essas crianças, não tendo um homem feito em nossa família para vos defender”.
A essas palavras, todo o povo dirigiu a Deus preces pelo rei. Seus dois sobrinhos eram Childeberto da Austrásia, filho de Sigeberto e de Brunehaut, e Clotário II, filho de Chilperico e de Fredegunda.
É este o sinal que te dou da entrega de meu reino
Gontrão recebeu o jovem rei da Austrásia com ternura paternal. Colocando-lhe uma lança na mão, disse-lhe, diante de todos: “É este o sinal que te dou da entrega de meu reino. Para o futuro, submete à tua autoridade todas as minhas cidades como se fossem as tuas, porque, por causa dos nossos pecados, não resta de nossa família senão tu, que és filho de meu irmão. Serás meu herdeiro e meu sucessor em todo o reino, com exclusão de todos os outros.”
O que ele fazia por Gregório de Tours, fazia-o por todos os cidadãos de Orleãs
Um dia, quando se dirigia para fazer orações, às diversas igrejas de Orleans, o rei Gontrão rumou para a residência de São Gregório de Tours, que morava na igreja de Santo Avito. Gregório levantou-se cheio de alegria ao reconhecê-lo e, depois de lhe ter dado a benção, rogou-lhe houvesse por bem aceitar com ele alguns elogios de São Martinho. Gontrão aceitou. Entrou com muita cordialidade, bebeu um copo de vinho, lembrou a Gregório que devia estar presente no jantar para o qual havia convidado todos os bispos e retirou-se alegre. O que ele fazia por Gregório de Tours, fazia-o por todos os cidadãos de Orleãs. Aceitou o convite, compareceu ao jantar e encantou-os como sua bondade. Chamavam-no geralmente o bom rei.
Os exemplos de um rei tão bom santificaram a família
O zelo de Gontrão sustinha e animava o dos prelados de seu reino. Perdendo os dois filhos que deviam suceder-lhe, aplicou-se mais do que nunca a toda sorte de boas obras. Parecia, diz Fredegário, um bispo entre os bispos, tal o zelo pelos interesses da Igreja. Os exemplos de um rei tão bom santificaram a família. As duas princesas, suas filhas, Clodoberge e Clotilde, renunciaram às grandezas e aos prazeres do mundo, para se consagrarem a Deus, na sua virgindade. E Clodoberge não tardou em receber a recompensa celeste.
Gontrão distinguiu-se especialmente pala magnificência com que fundava e dotava as igrejas.
Reuniu vários concílios
O Rei Gontrão reuniu vários concílios, não somente para regular os negócios da Igreja, como também para tratar dos bens temporais dos povos, para conciliar as diferenças do reino a outro, e prevenir, dessa forma, as guerras vivis entre os francos. Para ele, os concílios eram ainda conselhos de Estado. Sua caridade se mostrou sobretudo nessa circunstância.
Um navio que chegara da Espanha, espalhara em Marselha a peste, enquanto Teodoro, bispo dessa cidade se encontrava na corte de Childeberto. O santo Bispo retornou imediatamente para consolar o povo, e aliviar-lhe o sofrimento. Não omitiu nenhum dos socorros espirituais e temporais que podia dar.
Desempenhou, ao mesmo tempo, as funções de um bom rei e de um piedoso Bispo
Gontrão desempenhou, ao mesmo tempo, as funções de um bom rei e de um piedoso Bispo. Ordenou que fossem celebradas as rogações e que, durante três dias, tempo que deviam durar, se jejuasse, comendo pão de cevada e bebendo água.
Arrancavam-lhe pedaços das vestes para aplicá-los aos doentes
Seus súditos o olhavam com veneração e respeitavam nele mais a qualidade de santo do que a de rei. Arrancavam-lhe pedaços das vestes para aplicá-los aos doentes. Uma mulher curou dessa forma, seu filho de uma febre.
Enfim, o bom Rei Gontrão – assim chamavam os contemporâneos – morreu em 28 de março de 593, em Châlon-sobre-o-Saône, onde foi sepultado na igreja de São Marcelo, que ele mesmo havia fundado.
Com sua morte, o sobrinho Childeberto, rei da Austrásia, herdou-lhe o reino da Borgonha. A igreja colocou o nome do Rei Gontrão entre os santos e celebra-lhe a memória no dia 28 de Março.
São Gontrão, Rei, Confessor, rogai por nós!
Oração – Pela intercessão de São Gontrão, Rei e Confessor, dai-nos viver de tal modo, que não sejamos despojados da vossa glória. Amém.
Significado do nome: Germain Gund, “luta”, e hramn, “corvo”. Este nome se refere à divindade pagã que protege os guerreiros
Com Santo Estêvão Harding, Abade, que veio de Molesme com outros monges para este célebre cenóbio, instituiu os irmãos conversos, recebeu o egrégio Bernardo com trinta companheiros e fundou doze mosteiros.
Martirológio – Secretariado Nacional de Liturgia – PT
Março 28
1. Em Tarso, cidade da Cilícia, na atual Turquia, São Castor, mártir.(† data inc.)
2. Comemoração dos santos mártires Prisco, Malco e Alexandre, que, durante a perseguição de Valeriano, habitavam numa pequena quinta dos arredores de Cesareia da Palestina; sabendo que nessa cidade se ofereciam celestes coroas de martírio, inflamados pelo ardor divino da fé, apresentaram-se espontaneamente ao juiz e, tendo-o censurado pela crueldade com que derramava o sangue dos fiéis, foram por ele imediatamente lançados às feras para serem devorados, em ódio ao nome de Cristo.(† 260)
3. Em Heliópolis, na Fenícia, Líbano, São Cirilo, diácono e mártir, que foi cruelmente assassinado no tempo do imperador Juliano Apóstata.(† c. 362)
4. Em Alexandria, no Egito, São Protério, bispo, que, após um tumultuoso motim popular, na Quinta-Feira Santa da Ceia do Senhor, foi ferozmente assassinado pelos monofisitas, sequazes do seu predecessor Dióscoro.(† 454)
5. Em Chalon-sur-Saône, na Borgonha, atualmente na França, o sepultamento de São Gontrão ou Guntrano, rei dos Francos, que distribuiu os tesouros da sua riqueza em favor das igrejas e dos pobres.(† 593)
6. Junto ao monte Olimpo, na Bitínia, hoje na Turquia, Santo Hilarião, hegúmeno do mosteiro de Pelecete, que defendeu vigorosamente o culto das sagradas imagens.(† s. VIII)
7. Em Cister, localidade da Borgonha, na França, Santo Estêvão Harding, abade, que veio de Molesme com outros monges para este célebre cenóbio, instituiu os irmãos conversos, recebeu o egrégio Bernardo com trinta companheiros e fundou doze mosteiros, que associou com o vínculo da Carta da Caridade, para que não houvesse entre os monges discórdia alguma, mas vivessem na harmonia da mesma caridade, da mesma regra e de costumes semelhantes.(† 1134)
8. Em Naso, na Sicília, região da Itália, São Cono, monge sob a observância dos Padres orientais, que, ao regressar da peregrinação aos Lugares Santos, sabendo que seus pais tinham falecido, distribuiu pelos pobres toda a fortuna familiar e abraçou a vida eremítica.(† 1236)
9. Em Monticiano, perto de Sena, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália, o Beato Antônio Patrízzi, presbítero da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, ilustre pelo seu exímio amor aos irmãos e ao próximo.(† c. 1311)
10. Em Tours, França, a Beata Joana Maria de Maillé, depois da morte do esposo na guerra, reduzida à miséria e expulsa da sua casa pelos parentes e abandonada por todos, viveu reclusa numa cela junto do convento dos Menores, mendigando o pão, mas totalmente confiada em Deus.(† 1414)
11. Em York, na Inglaterra, o Beato Cristóvão Wharton, presbítero e mártir, que, no reinado de Isabel I, foi condenado ao suplício da forca em ódio ao sacerdócio.(† 1600)
12. Em Angers, na França, a Beata Renata Maria Feillatreau, mártir, mulher casada que, durante a Revolução Francesa, foi decapitada por permanecer fiel à Igreja católica.(† 1794)
13. Em Przemysl, na Polônia, São José Sebastião Pelczar, bispo, fundador da Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus e mestre insigne da vida espiritual.(† 1924)