Com a festa do Batismo de Jesus continua o ciclo das manifestações do Senhor, que começou no Natal com o nascimento do Verbo encarnado em Belém, contemplado por Maria, José e os pastores na humildade do presépio, e que teve uma etapa importante na Epifania, quando o Messias, através dos Magos, se manifestou a todas as nações. Hoje Jesus revela-se, nas margens do Jordão, a João e ao povo de Israel. É a primeira ocasião em que ele, como homem maduro, entra no cenário público, depois de ter deixado Nazaré. Encontramo-lo junto do Batista, que é procurado por um grande número de pessoas, num cenário insólito.
São Lucas observa antes de tudo que o povo “esperava”. Assim, ele ressalta a expectativa de Israel, capta, naquelas pessoas que tinham deixado as suas casas e os compromissos habituais, o desejo profundo de um mundo diverso e de palavras novas, que parecem encontrar uma resposta precisamente nas palavras severas, mas cheias de esperança do Precursor. O seu é um batismo de penitência, um sinal que convida à conversão, a mudar de vida, porque aproxima Aquele que “batizará no Espírito Santo e no fogo”. De facto, não se pode aspirar por um mundo novo permanecendo imersos no egoísmo e nos costumes ligados ao pecado. Também Jesus abandona a casa e as ocupações habituais para alcançar o Jordão. Chega ao meio da multidão que está a ouvir o Batista e põe-se na fila como todos, à espera de ser batizado.
João, logo que o vê aproximar-se, intui que naquele Homem há algo único, que é o misterioso Outro que esperava e para o qual estava orientada toda a sua vida. Compreende que se encontra diante de Alguém maior que ele e que não é digno nem sequer de lhe desatar a correia das sandálias.
Junto do Jordão, Jesus manifesta-se com uma extraordinária humildade, que recorda a pobreza e a simplicidade do Menino colocado na manjedoura, e antecipa os sentimentos com os quais, no final dos seus dias terrenos, chegará a lavar os pés dos discípulos e sofrerá a humilhação terrível da cruz. O Filho de Deus, Aquele que é sem pecado, coloca-se entre os pecadores, mostra a proximidade de Deus ao caminho de conversão do homem. Jesus carrega sobre os seus ombros o peso da culpa da humanidade inteira, inicia a sua missão pondo-se no nosso lugar, no lugar dos pecadores, na perspectiva da cruz.
Também nos nossos dias a fé é um dom que se deve redescobrir, cultivar e testemunhar. Com esta celebração do Batismo, o Senhor conceda a cada um de nós viver a beleza e a alegria de sermos cristãos, para que possamos introduzir as crianças baptizadas na plenitude da adesão a Cristo. Confiemos estas crianças à intercessão materna da Virgem Maria. Peçamos-lhe que, revestidos com a veste branca, sinal da sua nova dignidade de filhos de Deus, durante toda a sua vida sejam discípulos fiéis de Cristo e testemunhas corajosas do Evangelho. Amém.
Santo Adriano da Cantuária
Nasceu no ano 635 no norte da África e foi batizado com o nome de Hadrian. Tinha apenas cinco anos de idade quando sua família imigrou para a cidade italiana de Nápoles, pouco antes da invasão dos árabes. Lá estudou no convento dos beneditinos de Nerida, onde se consagrou sacerdote.
Enquanto era abade num mosteiro próximo de Monte Cassino, Adriano foi duas vezes convidado pelo Papa São Vitalino a ocupar o Arcebispado de Canterbury. Declinou a oferta nas duas ocasiões; na segunda vez, no entanto, sugeriu o nome do monge grego Teodoro (Teodoro de Cantuária) para ocupar o cargo. O Papa concordou, mas impôs como condição que Adriano acompanhasse o novo arcebispo à Inglaterra.
Possuía profundos conhecimentos sobre a Bíblia, era administrador experiente e um erudito em grego e latim, professor de ciências humanas e teologia. Sob sua direção, a escola monástica de Canterbury passou a exercer profunda e ampla influência. Na escola, a par das disciplinas religiosas, eram ensinados astronomia, poesia e cálculo de calendário. São Beda afirma que alguns alunos sabiam latim e grego tão bem quanto inglês. Adriano auxiliou o seu arcebispo em várias tarefas pastorais e não há dúvida de que o florescimento da Igreja inglesa no tempo de Teodoro deve muito a ele.
A fama de sua capacidade e conhecimento chegou ao imperador Constantino II que em 663 o fez seu embaixador junto ao Papa Vitalino, função que exerceu duas vezes. Depois, este Papa o nomeou como um dos seus conselheiros.
Viveu neste país durante trinta e nove anos, totalmente dedicados ao serviço da Igreja. Nele os ingleses encontraram um pastor cheio de sabedoria e piedoso, um verdadeiro missionário e instrumento de Deus. Muitos se iluminaram com os seus exemplos de vida profundamente evangélica.
Morreu em 9 de janeiro de 710. A sua sepultura se tornou um lugar de graças, prodígios e peregrinação. Em 1091, o seu corpo foi encontrado incorrupto e trasladado para a cripta da igreja do mesmo convento.
Outro Adriano que é lembrado neste dia foi um soldado romano que se converteu ao cristianismo quando via os cristãos morrerem de fome alegremente. Isso no ano de 304. Adriano era um oficial estacionado na Nicomedia (moderna Turquia) durante o reinado do Imperador Diocleciano. Ele recusou-se a fazer sacrifício aos deuses romanos e foi preso. De acordo com a tradição durante a sua prisão, sua esposa Natália colocou roupas de homem e cuidou dele e dos seus amigos prisioneiros. Quando foi martirizado, Natália assistiu suas pernas serem esmagadas e seus braços serem cortados. Ela recuperou um dos braços do seu marido quando os romanos tentavam queimar seus restos mortais. Inexplicavelmente uma forte chuva apagou a fogueira. Natália então pegou o braço de Adriano e escapou da área para não chamar a atenção dos oficiais romanos. Ela foi então para Constantinopla (hoje Istambul) onde o corpo de Adriano tinha sido levado por outros cristãos e estava incorrupto. Ela costurou o braço de São Adriano no devido lugar e suas relíquias estão na Catedral de Istambul. Adriano é o patrono de Roma e Constantinopla.
Santos Adrianos, rogai por nós!
Oração – Deus de bondade, fazei de nós apóstolos sábios e bons conselheiros e dai-nos seguir sempre os caminhos do vosso filho Jesus Cristo. Amém!
Adriano: “natural da Ádria”, “natural da água”
Com o Santo Marcelino, Bispo, que, como escreve o Papa São Gregório Magno, com o poder divino salvou do incêndio sua cidade.
Martirológio Romano
Secretariado Nacional de Liturgia PT
Jan 09
1. Em Ancona, no Piceno, hoje nas Marcas, região da Itália, São Marcelino, bispo, que, como escreve o papa São Gregório Magno, com o poder divino salvou do incêndio esta cidade.(† s. VI)
2. Em Cantuária, na Inglaterra, Santo Adrião, abade, natural da África, que, vindo de Nápoles, na Campânia, chegou à Inglaterra e, pela sua profunda formação em ciências sagradas e profanas, ensinou a um grande número de discípulos a ciência da salvação.(† 710)
3. Na Escócia, São Felano, abade do mosteiro de Santo André, que, insigne pela vida de grande austeridade, viveu na solidão.(† c. 710)
4. No monte Olimpo, na Bitínia, na atual Turquia, Santo Eustrácio o Taumaturgo, abade do mosteiro de Abgar.(† s. IX)
5. Em Thénézay, no território de Poitiers, na Aquitânia, atualmente na França, Santo Honorato de Buzançais, mártir, que era negociante de gado e com o seu lucro socorria os pobres; e, ao repreender dois seus empregados pelos furtos que faziam, foi por eles barbaramente assassinado.(† 1250)
6. Em Certaldo, na Etrúria, na atual Toscana, região da Itália, a Beata Júlia della Rena, da Ordem Terceira de Santo Agostinho, que viveu reclusa só para Deus numa pequena cela junto da igreja.(† 1367)
7. Em Ancona, no Piceno, hoje nas Marcas, região da Itália, o Beato António Fatáti, bispo, que exerceu com grande prudência e serenidade todas as missões que lhe foram confiadas pelos Pontífices Romanos, e foi sempre austero para consigo, mas magnânimo para com os pobres.(† 1484)
8. Em Nancy, na França, a Beata Maria Teresa de Jesus (Alice Le Clerc), virgem, que, fundou com São Pedro Fourier a Congregação das Canonisas Regulares de Nossa Senhora, sob a Regra de Santo Agostinho, destinada à formação das jovens. († 1622)
9. Em Seul, Coreia, as santas mártires Agueda Yi, virgem, cujos pais receberam também a coroa do martírio, e Teresa Kim, viúva, que, depois de cruelmente flageladas no cárcere pela sua fé em Cristo, ambas morreram degoladas.(† 1840)
10. Perto de Munique, cidade da Baviera, na Alemanha, no campo de concentração de Dachau, os beatos José Pawlowski e Casimiro Grelewski, presbíteros e mártires, que, em tempo da guerra, deportados da Polônia invadida pelos perseguidores, terminaram o seu martírio com o suplício da forca.(† 1942)