Consagração ao Espírito Santo I

 

Ó Espírito Santo, laço divino que unis o Filho ao Pai num inefável e estreitíssimo laço de amor! Espírito de luz e de verdade, dignai-Vos derramar toda a plenitude de vossos dons sobre minha pobre alma, que solenemente Vos consagro para sempre, a fim de que sejais seu preceptor, seu diretor e seu mestre. Peço-Vos humildemente fidelidade a todos os vossos desejos e inspirações, e entrega completa e amorosa a vossa divina ação. Ó Espírito Criador! Vinde, vinde operar minha renovação pela qual ardentemente suspiro; renovação e transformação tal que seja como uma nova criação, toda de graça, de pureza e de amor, com a qual inicie deveras a vida inteiramente espiritual, celestial, angélica e divina que pede minha vocação cristã.

Espírito de santidade, concedei à minha alma o contato de vossa pureza, e ficará mais branca do que a neve! Fonte sagrada de inocência, de candura e de virgindade, dai-me a beber de vossa água divina, apagai a sede de pureza que me abrasa, batizando-me com aquele batismo de fogo cujo divino batistério é a vossa divindade, sois Vós mesmo! Envolvei todo o meu ser com vossas chamas puríssimas. Destruí, devorai, consumi nos ardores do puro amor, tudo quanto haja em mim que seja imperfeito, terreno e humano; quanto não seja digno de Vós.

Que vossa divina unção renove minha consagração como templo de toda a Santíssima Trindade e como membro vivo de Jesus Cristo, a Quem, com maior perfeição ainda que até aqui, ofereço minha alma, corpo, potências e sentidos com tudo quanto sou e tenho. Feri-me de amor, ó Espírito Santo, com um desses toques íntimos e substanciais, para que, à maneira de seta incandescente, fira e transpasse meu coração, fazendo-me morrer para mim mesmo e para tudo o que não seja o Amado. Trânsito feliz e misterioso que só Vós podeis produzir, ó Espírito divino, o qual anelo e peço humildemente.

Como um carro de fogo divino, arrebatai-me da Terra ao Céu, de mim mesmo para Deus, fazendo que desde já more naquele paraíso que é o seu Coração.

Infundi-me o verdadeiro espírito de minha vocação e as grandes virtudes que exige e são penhor seguro de santidade: o amor à cruz e à humilhação e o desprezo de tudo quanto é transitório. Dai-me, sobretudo, uma humildade profundíssima e um santo ódio contra mim mesmo. Ordenai em mim a caridade e embriagai-me com o vinho que engendra virgens.

Que meu amor a Jesus seja perfeitíssimo, até chegar à completa alienação de mim mesmo, àquela celestial loucura que faz perder o senso humano de todas as coisas, para seguir as luzes da Fé e os impulsos da graça.

Recebei-me, pois, ó Espírito Santo, que de todo e por completo me entregue a Vós. Possuí-me, admiti-me nas castíssimas delícias de vossa união, e nela desfaleça e expire de puro amor ao receber o vosso ósculo de paz. Assim seja.