Maria é um convite para irmos ao Céu!

Em seu admirável Tratado das Virgens, o grande Santo Ambrósio traça o perfil moral dAquela que é a Virgem singular:

“Começarei por vos apresentar a imagem viva da virgindade, personificada na Virgem Maria, espelho de pureza e exemplo de virtude, digna de que A tomeis como regra de vida, porque Ela vos ensina, como mestra divina de bondade, o que haveis de corrigir, o que vos convém evitar e o que deveis pôr em prática. Pois, (…) se o primeiro e principal estímulo é a virtude do mestre que leva ao aluno a prestar-lhe fé e a segui-lo, que mestre superará em dignidade a Mãe de Deus? Quem mais esplendorosa do que Ela, a quem cobre o próprio esplendor? Que mestre de castidade se Lhe poderá comparar?

“E que direi das demais virtudes que A ornam?

“É virgem no corpo e na alma, pura de desordenados afetos. De coração humilde, moderada no juízo, grave e prudente no falar, recatada no trato, amiga do trabalho.

“Inimiga de honras terrenas, mede suas ações de acordo com a razão, movendo-se unicamente por amor à virtude. (…) Nunca afligiu os humildes, nem desprezou o débil, nem desamparou o necessitado, nem teve trato com homens, a não ser o que era ditado pela misericórdia e tolerava o pudor. Seus olhos não conheceram o fogo da luxúria, nem seus lábios pronunciaram palavras levianas, nem faltou jamais com a decência em sua conduta. Nunca se viu nEla movimento indecoroso, nem andar descomposto, nem voz presumida. Ao contrário, sua compostura refletia a força interior da alma. (…)

“Sua moderação nos alimentos era sobre-humana, e contínua sua dedicação em trabalhos manuais, porque jejuava diariamente, sem comer mais que o necessário para conservar a vida, e trabalhava incessantemente, sem dar trégua à ociosidade. No curto descanso que concedia a si mesma, enquanto o corpo repousava, vigiava o espírito, interrompendo inúmeras vezes o sono para ler ou se dedicar a exercícios piedosos, ou à preparação do que havia de fazer em seguida.

“Inimiga da rua, não sai senão para visitar o templo, e sempre acompanhada de seus pais ou familiares; não porque sua honestidade exigisse vigilância, pois no seu recolhimento levava a melhor defesa, mas por maior decoro e modéstia, a qual resplandecia em seus movimentos e palavras com tal arte, que conquistava o respeito e admiração de quantos A viam, apartada das vaidades e entregue inteiramente à virtude. (…)

“Assim no-La apresenta o Evangelho, assim A achou o Anjo, assim A elegeu o Espírito Santo. Para que investigar mais no arquipélago daquela santidade, que arrebatou o coração de seus pais, foi digna dos elogios dos estranhos e, sobretudo, foi merecedora de que Deus A escolhesse por Mãe? (…)

“Fixai o olhar neste perfeito modelo e viva escola de todas as virtudes, escutai-o e imitai-o, se desejais dirigir vossos passos pelas vias da glória eterna.”

(Santo Ambrósio, Tratado de las Virgenes, Editorial Tor, Buenos Aires, pp. 42-44 e 46.)