Eu quero ser Santo!

Como é um santo?
Quando pensamos nos santos, qual é a primeira imagem que nos vem à mente? Possivelmente, a de uma pessoa com dons milagrosos e proféticos, sujeita a grandes sofrimentos. Alguém que estaria tão acima de nós que se assemelharia mais a um anjo que a um simples ser humano.
Pois bem, esta é uma ideia totalmente distorcida. São João Crisóstomo afirma que Nosso Senhor Jesus Cristo se fez em tudo igual a nós, exceto no pecado. O que diríamos, então, de um santo?
Uma decisão de aceitar a graça de Deus
Os bem-aventurados são tão humanos como qualquer outro. Com uma única diferença: desejam verdadeiramente a perfeição, chegando a praticar a virtude em grau heróico. Eles apenas “resolveram” aceitar a graça de Deus, que nunca falta a ninguém.
Belamente exemplificativa desta aceitação é a conversão de Santo Inácio de Loyola, nobre espanhol do século XVI. O cavaleiro, ferido gravemente na perna por uma bala de canhão durante a batalha de Pamplona, em 20 de maio de 1521, passou por uma longa e dolorosa convalescença. Preso a uma cama, pôs-se a ler todos os livros que lhe caíam nas mãos, em especial os romances de cavalaria, muito comuns em sua época. Quando estes se esgotaram, resignou-se a ler as obras de cunho religioso, como a Vida de Cristo, a Vida dos Santos e a Legenda Áurea.
Dotado de temperamento forte e espírito aguerrido, tomava o exemplo dos santos, dizendo a si próprio: “E se eu fizesse aquilo que fez São Francisco e aquilo que fez São Domingos? E assim discorria por muitas coisas que achava boas. (…) Mas todo o seu discorrer era dizer a si mesmo – São Domingos fez isto; também eu tenho que fazê-lo. São Francisco fez isto; também eu tenho que fazê-lo.” (*)
Uma noite, estando acordado, “viu claramente uma imagem de Nossa Senhora com o santo Menino Jesus, da qual recebeu, durante bastante tempo, uma grandíssima consolação. E ficou com tal asco da vida passada, especialmente de coisas da carne, que lhe parecia terem desaparecido da alma todas as lembranças que antes nela tinha impressas.” (*)
Este foi o passo decisivo para a conversão de Santo Inácio que, a partir de então, mudou-se radicalmente. Foi em peregrinação à Terra Santa, em meio a intensas orações e penitências. Mais tarde, estudou teologia na Sorbonne.
Fundador dos Jesuítas
Assim, a graça divina foi lapidando a alma deste grande homem que, mais tarde, teve um papel importantíssimo na Santa Igreja. Dotado de possante espírito lógico, expunha a doutrina cristã de modo atraente e persuasivo, conseguindo arrastar muitos discípulos. Mais tarde, fundou a Companhia de Jesus, ainda hoje, a mais numerosa ordem religiosa da Igreja Católica.
Mas, isto não provaria que santo é coisa do passado?
Olhando à nossa volta ou para a nossa época, encontraremos uma multidão deles. Veremos Santa Faustina Kowalska e a mensagem de Jesus Misericordioso; Santa Maria Goretti, a jovem mártir da castidade; São Pio de Pietrelcina, modelo de oração; os bem-aventurados Francisco e Jacinta Marto, pastorinhos de Fátima; São Maximiliano Kolbe e sua caridade imensa; a bem-aventurada Irmã Dulce, o Anjo Bom do Brasil e, o mais conhecido que todos, o bem-aventurado João Paulo II.
Todos eles corresponderam ao chamado de Deus em suas vidas, independentemente de sua idade ou condição social. Você já parou para pensar que, seguindo esses exemplos, você tambem poderá ser canonizado?
(*) Autobiografia de Santo Inácio de Loyola, Editorial A. O., Braga, Portugal, março de 2005, tradução de António José Coelho, SJ.